2006/09/27

...e abriram-se as portas!


A adolescência marca-nos mais do que outra qualquer etapa da vida; quando o corpo se começa a desenvolver e os nossos horizontes, até então muitas vezes camuflados, ou aos quais não dávamos a devida importância se começam a expandir (literalmente...), provocando um estado de consciência (ou não) que, ao invés da "idade dos porquês", onde bombardeamos os progenitores com questões, nos leva a procurarmos o nosso caminho, e a procurarmos em nós ou no que nos rodeia as respostas às nossas questões existenciais mais ou menos pertinentes. Um dos objectos mais importantes desta etapa, foi, sem dúvida, uma cassete cinzenta com etiquetas cor de laranja, que, apesar de estar demasiado madura e cujo som soa a claustrofóbico, guardo religiosamente desde os meus 14 anos... Uma das minhas colegas de turma, com um visual demasiado alternativo (hoje catalogar-se-ia de gótico, talvez, com o típico e ainda actual contraste entre a roupa preta e pele cor de pérola...) para uma rapariga de um pequeno burgo beirão, entoava uma ou outra vez "jingles" que me despertaram curiosidade... A páginas tantas pedi-lhe "Ah e tal, podes-me gravar uma cassete com isso?" ao que ela aceitou o pedido, algo surpresa, é certo, pois não sou propriamente muito extrovertido, e com um sorrisinho atrevido nos lábios... ("Ah e tal" até soa bem como início de frase, mas não me estou a imaginar a usar esta expressão na altura...) Pois bem, a partir dessa altura, "Roadhouse Blues, Light my Fire, Riders on the Storm" e outras tantas melodias começaram a fazer parte da minha playlist... E como o raiar de sol na aurora, que significado essas canções tiveram!!! Um misto de provocação, atrevimento e rebeldia que caracterizam qualquer adolescente e que desencadearam a procura de mais canções e afins, pela necessidade de experimentar, ouvir, sentir; sobretudo necessidade de compreender... Posso afirmar que durante anos foram fiéis companheiras, partilhando alegrias, frustrações, angústias, dando algumas respostas que pareceram pouco óbvias na altura, mas que agora se revelam as mais acertadas... Os anos passaram, com muitas alegrias pelo meio, mas entristece-me poder dizer que "I can't see your face in my mind.." Obrigado Ana Carla, onde quer que estejas!!!

Sem comentários: