A família representa, como é óbvio, uma importante parte das nossas vidas, e de todos os momentos que passamos com ela, há sempre alguns mais especiais do que outros. Desde que me conheço como gente que me recordo dos meus avós, de estarem por casa nas "lides domésticas" ou a trabalhar nos campos de cultivo, e de agirem no decorrer do dia-a-dia com uma generosidade e simplicidade fruto dos muitos anos de vida e da "carreira profissional que abraçaram ou pela qual foram envolvidos" que me serviram de exemplo em muitos aspectos; e do que, de certeza inadvertidamente, me ensinaram acerca da existência de coisas simples e de como elas por serem tão banais e primitivas, como o simples facto de atear uma fogueira para cozinhar uma panela de sopa, são de tal forma místicas e inesquecíveis, que o sabor de tal iguaria parece continuar para sempre nas "papilas gustosas", para nunca mais sair, e à espera de um pequeno estímulo da memória, para se diluir na saliva, como se nunca tivesse atravessado a faringe. O facto de aos meus olhos nunca terem envelhecido dá-lhes uma aura de imortalidade que de tão ilusória que é, se torna ainda mais dolorosa quanto mais o tempo vai passando. Nos últimos tempos a saúde de um deles, talvez aquele com que mais me identifico, piorou de tal forma avassaladora e irreversível, que é para mim difícil de entender como é que alguém pode chegar a um tal estado, ainda por cima consciente. Infelizmente acabou por falecer... Apesar de, no meu íntimo, e por razões óbvias, continuar para sempre vivo e por perto... Chegar aos 80 anos deve ser óptimo, mas como alguém me disse recentemente,..."quem não vai de novo, de velho não escapa!". "...and so the story goes..." RIP +
2006/10/16
2006/10/05
"Quem sai aos seus..."
Toda a genta já ouviu, ao menos uma vez na vida, a expressão "quem sai aos seus não degenera"; no caso de Henri Toivonen, essa máxima assenta como uma luva; desde muito cedo se mostrou bastante à-vontade com um volante nas mãos, serpenteando entre curvas numa qualquer estrada florestal, num bailado arrepiante e ao mesmo tempo tão belo, que dava aos espectadores a ideia que estaria constantemente a conduzir no fio da navalha, às vezes talvez mais além ainda... Veio várias vezes a Portugal para disputar o Rallye de Portugal-Vinho do Porto, apenas tendo terminado uma vez a prova, num honroso 2º lugar e era tido como um piloto algo imaturo e incostante, mas sem dúvida talentoso, capaz de atingir os píncaros num instante para no momento seguinte agir como um principiante e deitar tudo a perder... Contudo, na Lancia acreditava-se que este seria um futuro campeão; e Cesare Fiorio, então director desportivo, mostrava uma fé inabalável no "seu" benjamim, escolhendo para companheiro de equipa Markku Alen; a "missão secundária" de Fiorio para este piloto, na altura com cerca 10 anos de experiência no Mundial de Ralis e por ser o considerado o mais latino dos pilotos nórdicos, era que incutisse alguma maturidade a Henri. Em 1984, a estreia do Lancia 037 Evo em asfalto efectuou-se em Portugal, tendo este modelo o handicap de ter apenas 2 rodas motrizes, quando comparado com os Audi, o principal oponente... No entanto, em asfalto seco, o menor peso do conjunto e o maior equilíbrio do modelo devido à colocação do motor em posição central, faziam dele a "lebre" que todos tentavam apanhar... As primeiras PEC's (Provas Especiais de Classificação) do Rallye, na região de Sintra, consistiam em 3 passagens por um conjunto de 3 PEC's. Na 1ª ronda, Henri bate o tempo de todos os concorrentes, assim como nas 2 primeiras PEC's da 2ª ronda, "cilindrando" a concorrência e baixando os tempos da 1ª para 2ª passagem; porém, na 6ª PEC, um maior excesso de fogosidade resultou numa saída de estrada, com o consequente abandono na prova... Henri ficou desolado, reconhecendo que tinha errado mais uma vez, num acto de sinceridade e humildade que o caracterizvam enquanto homem... Mais tarde Cesare Fiorio, ao ser abordado pelos jornalistas para efectuar uma avaliação à prestação em prova de Henri, e sobretudo às consequências de mais um despiste, alimentando a polémica nos media acerca da controversa decisão da escolha de Henri para seu piloto foi surpreendente; Fiorio sorriu e limitou-se a a referir que estava bastante satisfeito com a prova de Henri; o erro que originou o despiste era de lamentar, de facto, mas a partir daquele dia, todos ficaram a conhecer os verdadeiros limites do Lancia 037, e além de tudo o resto essa era a lição a reter. A 2 de Maio de 1986, Henri e o navegador Sergio Cresto faleceram depois do Lancia onde seguiam se ter despistado nas sinuosas estradas da Córsega e tornado numa bola de fogo desgovernada. Ainda hoje Henri é um exemplo de vida para muitos, pela forma apaixonada e sincera como encarava os Rallyes, correndo apenas para o melhor tempo em cada troço, tentando chegar sempre o mais depressa possível à bandeira de xadrez; no entanto, para se ganhar um Rallye, é preciso antes de chegar em primeiro, primeiro chegar. Tal como no quotidiano...
2006/10/01
Dia de Romaria
Sábado passado foi dia da visita anual ao Motorshow-AutoClássico, na Exponor... Como já vem sendo hábito, e com os suspeitos do costume (ouve algumas desistências de última hora..), estas idas anuais servem para "lavar as vistas" no que diz respeito ao passado e presente de engenharia automóvel, e acima de tudo, para juntar a tertúlia... Quanto à exposição propriamente dita, algumas novidades, como a maquete do Vinci, algo difícil de definir devido à quantidade de fontes de inspiração visíveis nas linhas da carroçaria... Não posso dizer que considere o modelo bonito, ou atraente, mas essa certamente será a opinião dos (poucos)afortunados que se poderão dar ao luxo de adquirir o modelo quando este for colocado à venda; eu, por razões mais que óbvias, não tenciono adquirir um... Contudo, espero sinceramente que desta vez se quebre o enguiço comercial que acompanha a Indústria Automóvel de origem portuguesa. Os vários modelos de competição expostos foram (não são sempre???) um regalo para a vista, mas o que mais destaco foi um período temporal de cerca de 20 minutos, junto ao stand da Talento, onde por um lado, tive o prazer de trocar algumas palavras com Francisco Santos (autógrafo com dedicatória incluída, pois claro!!), e, apesar de já ter terminado a sessão de autógrafos no espaço da Talento, com "Nicha" Cabral com quem pude trocar meia dúzia de palavras. A descrição verbal da corrida de Vila Real ao volante do Porsche 917 e da longa, estreita e lenta (mentalmente, claro!!) recta das Hunaudiéres efectuada durante a noite vieram complementar as imagens com que já tinha ficado ao ler a sua biografia, adquirida há já alguns anos e que lamento não ter levado para ser colocada uma dedicatória... Fica para uma outra vez, decerto...
Na area do salão dedicada à automobilia e peças, várias surpresas; já se começam a ver Majorettes como objectos de colecção (e os preços assutam...), e pude comprar umas "goodies" como os regulamentos oficiais do extinto (mas não esquecido...) Troféu Seat Marbella, ou uns postais com cerca de 15 anos com a particularidade de alguns estarem autografados pelos intervenientes, autocolantes da mesma época, que apesar de serem objectos algo banais, poderão ser tidos como documentos que retratam páginas da história do automobilismo português... Uma outra curiosidade... o folheto que ilustra o post (já foi um autocolante, mas entretanto perdeu a cola...); terei de efectuar algumas investigações, mas creio que poderá ser mesmo da mítica garagem...
Enfim, acima de tudo foi mais um dia agradável, e será isso que interessa... Para o ano há mais!!
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